Adiada por onda de calor, volta às aulas na rede estadual do RS tem mudanças no ensino, restrição a celular e turno integral ampliado

  • 13/02/2025
(Foto: Reprodução)
Quarta-feira (13) marca o início do ano letivo para mais de 700 mil estudantes no RS. Aulas foram adiadas devido a onda de calor extremo. JA Repórter especial sobre Educação O ano letivo começa nesta quarta-feira (13) para cerca de 700 mil alunos da rede estadual do Rio Grande do Sul, com uma série de mudanças na organização das escolas e na rotina dos estudantes. As aulas estavam marcadas para começarem na segunda-feira (10), mas, por decisão da Justiça do RS, precisaram ser adiadas em função da onda de calor extremo que atingiu o estado nas últimas semanas. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp O reforço no currículo do Novo Ensino Médio, a restrição do uso de celulares em sala de aula, a ampliação do turno integral e a distribuição obrigatória de uniformes são algumas das novidades deste ano. Novo Ensino Médio Embora a implementação do Novo Ensino Médio já tenha começado, a partir de 2025 a carga horária da formação geral básica será ampliada para 2,4 mil horas ao longo dos três anos – antes eram 1,8 mil horas. Além disso, os itinerários formativos, que permitem aos alunos aprofundar conhecimentos em áreas de interesse, terão 600 horas. Para Antonio Padilha, presidente da Associação de Ciclos de Pais e Mestres do Estado, essa mudança corrige falhas da reforma feita em 2017. "É um avanço porque permite, por exemplo, que possam ser desenvolvidos componentes que tiveram uma redução nesse processo todo", diz, exemplificando química e física. "Agora, nós estamos tendo a oportunidade de poder trabalhar um novo ensino médio com diálogo com a comunidade escolar, com diálogo com todos e entre todos", comenta. Em 2023, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do RS ficou abaixo da meta em todas as etapas do ensino. Nos anos iniciais do fundamental, o estado registrou 6 pontos, 0,4 abaixo da meta. Nos anos finais, a nota foi de 4,9, e no Ensino Médio, 4,2. Para reverter esse quadro, a secretária estadual da Educação, Raquel Teixeira, aposta em estratégias como reforço escolar e aulas de recuperação. "O Rio Grande do Sul é o estado que tem o mais alto índice de reprovação e abandono. E esse é um dos maiores desafios que nós temos. Então, esse ano de 2025 tem estudos de aprendizagem contínua, com aulas de reposição, aulas de reforço, progressão", afirma. Restrição ao celular na sala de aula Subsecretário de Desenvolvimento da Educação do RS fala sobre lei de escolas sem celulares Outra mudança significativa para os alunos será a restrição do uso de celulares em sala de aula, no recreio e nos intervalos. A medida segue a Lei Federal 15.100, sancionada em janeiro, e tem como objetivo melhorar a concentração e o desempenho dos estudantes. O uso só será permitido para fins pedagógicos e em casos de acessibilidade. A diretora Veridiana Brustolini destaca que os primeiros dias serão de adaptação. "Os alunos conseguem passar mais tempo concentrados, não se desviam tanto naquilo que eles estão estudando, pensando em outras coisas que a gente sabe que o celular distrai e, além disso, eles trocam, eles interagem mais entre eles", comenta. O regramento é válido para toda a educação básica, que abrange da pré-escola ao ensino médio. Em entrevista à RBS TV, o subsecretário de Desenvolvimento da Educação do RS, Marcelo Jeronimo Rodrigues Araújo, reafirma a importância da nova lei. "Mostrar que a tecnologia tem seu potencial, pode contribuir muito com o desenvolvimento de habilidades e competências dos nossos estudantes, desde que usada com intencionalidade pedagógica", afirma o subsecretário. Entenda as novas regras na rede estadual Uniforme obrigatório e ampliação do turno integral Este ano, o uso de uniforme passa a ser obrigatório na rede estadual. Cada aluno receberá um kit com 10 peças gratuitamente, incluindo camisetas, calças, bermuda, jaqueta e moletom. "É uma questão de segurança, é uma questão de pertencimento, é uma questão de equidade. Você não tem disputa de roupa. E até economia para a família", diz a secretária Raquel Teixeira. Além disso, o ensino em turno integral será expandido. Noventa escolas de ensino médio em 68 cidades terão a jornada ampliada para nove horas diárias, com quatro refeições. A meta do governo é que metade das instituições com essa etapa de ensino tenha turno estendido até 2026. Uniformes no Ensino Estadual do RS Reprodução/RBS TV Evasão escolar e desafios estruturais Mesmo com as mudanças, o ensino público enfrenta dificuldades. O Colégio Júlio de Castilhos, que nos anos 1990 chegou a ter cinco mil alunos, começa 2025 com menos de 800 matriculados. A diretora Paola Ribeiro aponta fatores como dificuldades no transporte e a necessidade de muitos jovens trabalharem cedo. "Tem as questões demográficas também, diminuição do número de filhos, isso impacta no número de matrículas, mas tem essas questões sociais que impactam o jovem quando ele faz 15, 16 anos, ele tem que trabalhar. Muitas vezes essa pressão do trabalho dificulta. O perfil do nosso aluno é um aluno trabalhador. Às vezes, ele vai trabalhar em certos setores que é muito exaustiva a jornada de trabalho e, às vezes, ele não consegue acompanhar o ritmo da escola", comenta Paola. A situação se agravou com a enchente de 2024, que afetou 1.099 escolas no estado. Destas, 601 tiveram danos estruturais e cerca de 4 mil alunos precisaram ser transferidos. Saiba mais abaixo. Para Antonio Padilha, a prioridade deve ser garantir condições adequadas para os estudantes. "Não pode faltar professor em sala de aula. Não pode faltar merendeira. Não pode faltar merenda. Não pode faltar a sala de aula. Não pode faltar a biblioteca. Então, o desafio para 2025 é que a escola possa cumprir a sua função", diz. Estudantes em Porto Alegre. Reprodução/RBS TV Escolas em locais provisórios após enchente três dias para a volta às aulas na rede estadual, escolas ainda aguardam investimentos Ao todo, oito instituições de ensino ainda não retornaram aos seus prédios originais, e os alunos seguem estudando em locais provisórios desde a enchente de maio. Cinco dessas instituições ficam localizadas no Vale do Taquari. Na cidade de Estrela, a Escola Estadual Moinhos, que atendia 160 alunos, foi praticamente destruída pela força das águas do Rio Taquari. Dos 160 estudantes, 70 ainda mantêm matrícula ativa e estão realizando aulas temporárias em outra escola da cidade. Já em Lajeado, a Escola Estadual Presidente Castelo Branco, que possui cerca de 900 alunos, está parada desde setembro de 2023. A instituição, afetada pelas enchentes, teve aulas suspensas e os alunos estão sendo acomodados temporariamente na Universidade do Vale do Taquari (Univates). As escolas Fernandes Vieira (Lajeado), Padre Fernando (Roca Sales), Antônio de Conto (Encantado), Padre Rafael Iop (São João do Polêsine), Nestor Vianna de Campos (Triunfo) e Tereza Francescutti (Canoas) também estão com o início do ano letivo em 2025 em locais alternativos. Algumas, como a Fernandes Vieira e a Tereza Francescutti, já têm previsão de retorno para os próximos meses. A Secretaria Estadual de Educação, Raquel Teixeira, comenta sobre a complexidade das situações enfrentadas pelas escolas. "São situações muito diferentes. Talvez demore um pouco mais. Então, varia, depende do que precisa. É muito difícil prever, são situações diferentes, mas eu espero que em 2025 a gente encaminhe a solução para todas elas", explica Raquel. Em relação à reconstrução das escolas, dados do Portal da Transparência mostram que, até o momento, cerca de 35% dos valores prometidos para a educação foram entregues. O governo federal liberou, aproximadamente, R$ 62 milhões, abaixo dos R$ 491 milhões previstos. O Ministério da Educação informou que já destinou R$ 185 milhões para as obras, mas que o pagamento depende da apresentação de projetos adequados. Já o governo estadual pagou R$ 176 milhões, cerca de 90% do valor comprometido. VÍDEOS: Tudo sobre o RS

FONTE: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2025/02/13/adiada-por-onda-de-calor-volta-as-aulas-na-rede-estadual-do-rs-tem-mudancas-no-ensino-restricao-a-celular-e-turno-integral-ampliado.ghtml


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